A HISTÓRIA DA GEOLOGIA NO BRASIL

Tudo começou na época do governo do Presidente Juscelino Kubitschek. Em seu mandato ele lançou o Plano de Metas que tinha o célebre lema “Cinquenta anos em cinco”. Esse plano visava o crescimento da economia baseado na expansão industrial. Para esse plano se concretizar era necessário investir na área tecnológica. Porém o corpo técnico de profissionais habilitados no Brasil ainda não era muito abrangente. E uma das áreas onde se tinha uma grande deficiência de profissionais era a dos estudos geológicos. As empresas precisavam contratar profissionais estrangeiros para suprir essa carência. Os pouco geólogos brasileiros tinham uma formação muito precária, geralmente voltado para os estudos da História Natural. Com todo essa carência de profissionais era necessário investir também em formação tecnológica.
Então foi criada em 1957, pelo Poder Executivo, a Campanha de Formação de Geólogos (Cage), que fomentou a criação de quatro cursos: um em Porto Alegre, um em São Paulo, um no Recife e outro em Ouro Preto.

Formandos da primeira turma de Geologia de Porto Alegre, 1960
A Petrobras, que também tinha em seu corpo técnico profissionais estrangeiros, convidou o professor gaúcho Irajá Damiani Pinto, formado na época em História Natural, para organizar um curso na Bahia, voltado a Geologia do Petróleo. O curso iniciou-se em janeiro de 1957 contando com duas fases, sendo a última com uma duração de mais de dois anos. O professor participou apenas da fase inicial do projeto selecionando profissionais de todo o Brasil para compor o corpo docente do curso.
Os primeiros cursos de Geologia fomentados pela Cage, iniciaram dois meses depois do da Petrobras, em março de 1957. O coordenador do curso em Porto Alegre era o professor Athos Pinto Cordeiro, que, por atribuições particulares que não permitiam sua dedicação total ao projeto, pediu exoneração do cargo cerca de dois meses depois. Foi nomeado, então, o professor Irajá, que retornava da Bahia.
Professor Irajá Damiani Pinto em laboratório no período em que estudava no curso de História Natural da Universidade de Porto Alegre, 1946. O mesmo laboratório seria usado anos mais tarde pelo incipiente curso de Geologia.
As primeiras aulas ministradas foram no porão da faculdade de Direito da Ufrgs em Porto Alegre. Posteriormente a Geologia teve sede no antigo prédio do Instituto de Ciências Naturais. “Cada vez que tinha um espaço, íamos ocupando”, explica o professor Irajá. O corpo docente era bem diversificado contando com brasileiros de vários estados, norte-americanos, franceses, alemães, uruguaios e argentinos. Enquanto os outros cursos faziam protestos para a retirada dos estrangeiros a Geologia de Porto Alegre recebia todos eles e até contava com um curso de inglês para que os alunos pudesse entrar em contato com pesquisadores, bibliografia e professores estrangeiros.
A faculdade tinha muito trabalho de campo. Frequentemente, professores e funcionários, sem receber horas extras, acompanhavam os alunos em pesquisas de campo, nos finais de semana. Os trabalhos eram bem complicados devido a precariedade das estradas. “Os alunos e os professores logo criaram o espírito da Escola, o que fez com que ela fosse o que ela é”, conta Irajá. A primeira turma for recebida posteriormente, com os demais formandos de outras três universidades, em solenidade pelo presidente JK.
Segunda turma de Geologia de Porto Alegre em excursão, 1960
O próprio professor Irajá explica que começou a se formar nesse momento o melhor curso que existia em todo o país. “A comissão da Cage definiu, em 1959, o Curso de Porto Alegre como a primeira Escola de Geologia. Nos outros Estados não havia o mesmo desenvolvimento, fomos mais rápidos do que eles para formar um curso realmente para geólogos”, esclarece. “O sucesso do nosso Curso foi tão grande que no primeiro concurso da Petrobras os dez primeiros foram da nossa Escola. E no primeiro concurso do Departamento Nacional de Produção Mineral, no Rio de Janeiro, os nove primeiros também eram da Escola de Geologia”, finaliza.


Comentários

  1. super interessante e esclarecedor, parabéns pelo blog e pelas informações que repassa aos seus seguidores.


    Marcelo Teles

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  2. INFLUÊNCIA DO AMBIENTE NA SELEÇÃO DA PEDRA CALCÁRIA DE LIOZ NA A.M.L. (ÁREA METROPOLITANA DE LISBOA)
    O presente estudo, resulta da adaptação de uma tese de mestrado, apresentada junto da Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, no âmbito do Curso de Mestrado em Tecnologia da Arquitetura e Qualidade Ambiental, realizado entre 1993 a 1994. Visa essencialmente determinar os motivos históricos, compreendidos no período da alimentação da economia Portuguesa, pelo ouro derivado da colónia do Brasil, e viabilidade funcional no uso, que levaram à preferência na adopção da pedra calcária de lioz, para fazer face às características do ambiente na A.M.L. (Área Metropolitana de Lisboa), aponta similarmente precauções a ter na sua utilização e aplicação construtiva. Tendo como base a seleção de quatro localidades para amostras, expostas ao mar, interior urbano e rural, identificando as patologias e razões do seu desenvolvimento, fornecendo também indicações para as contrariar. Finalizando com o estabelecimento de um nível de ponderação de importância a dar, nas suas propriedades físicas e químicas, no sentido de proporcionar um método de seleção deste tipo de pedra, na substituição em edifícios existentes, tirando proveito desses parâmetros para servirem ao mesmo tempo, na seleção da pedra calcária de lioz, na construção de novos edifícios. Tal como curiosidades proporcionadas pela propriedades da pedra calcária e como a obter artificialmente.
    Edifícios analisados: Palácio Ratton em Lisboa, Torreão Oriental da Praça do Comércio em Lisboa, Igreja de Nossa Senhora da Consolação em Arrentela no Concelho do Seixal e Igreja da Nossa Senhora do Monte Sião em Amora no Concelho do Seixal.
    Venda em: https://www.amazon.com/Influ%C3%AAncia-ambiente-sele%C3%A7%C3%A3o-calc%C3%A1ria-Portuguese/dp/154707230X
    Características: Folhas a preto e branco, número de páginas 521; Dimensão: 15,24x3,05x22,86 cm

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